Era sábado à noite, ela viu aquele lugar na internet e decidiu que ele era perfeito pra fazer qualquer tipo de poesia. Não que já não o conhecesse. Sim, ela conhecia. E sempre gostou. Mas nunca o viu com olhos de poeta.
No domingo, logo bem cedo, tomou seu café forte com torradas e margarina becel.
Botou aquele vestidinho que a faz se sentir menina moça, arrumou a bolsa, desligou o celular, ia quase se esquecendo do principal, seu caderninho com a foto da Lispector na capa.
Tudo pronto. Pegou as chaves, tirou a carroça da garagem, e lá foi ela.. abriu os vidros pra pegar um vento nos cachos soltos. Nunca se esquecia de fechá-los quando parava nos desertos sinais.
Uma paisagem de beleza e virtude a cercava, aquele prometia ser um domingão daqueles.
Pronto, ela chegou, estacionar não foi difícil, e ela ainda achou no banco traseiro do carro aquele chapéu de palha que sua tia tinha lhe dado no Natal, botou. Saiu do carro.
Nossa... mas como a manha naquele lugar parecia ser mais bonita do que em qualquer outro.Pensou que queria morar ali, pensou também que se morasse ali o lugar perderia um pouco da graça, mas mesmo assim decidiu que queria morar ali.
Algumas crianças corriam das babás, uns senhores jogavam damas (e olhavam para algumas também) numa mesinha de concreto, a garotada tomava cerveja.
Tudo estava no seu devido lugar.
Depois de respirar profundamente aquele ar de tirar o fôlego dos mortais, olhou para a perfeição divina a sua frente: aquele mar com pedras, o morro de pão doce, e o sol brilhando.
Toda a inspiração necessária para um poema de domingo estava ali, entre os limites do seu olhar e o do papel.
Então ela começou... falou de amor, de estrelas, de vidas, de mar, de sonhos, saudades, encontros, partidas, perdas, ganhos, falou ate da água de coco que tomava,falou dos casais que dividem o mesmo copo de coca com dois canudinhos.
Falava do cotidiano.
Este que vivemos todos os dias,
Comum e poético.
Das vidas brilhantes e fracassadas.
Dos destinos.
E falava com se dominasse a razão da existência.
Suas palavras eram tão fortes, que emocionavam a si mesma.
A música do mar
Era a mais completa orquestra natural.
E a conversa das pessoas felizes,
Era como um sinal de que o amor
sobrevivia.
As coisas corriam bem,
tudo fazendo parte de algo muito maior
E completo.
Era o mistério.
Fechou seu caderno, levantou, foi andando ate o carro.
Antes de entrar ainda deu mais uma olhada pra trás.
Sim, estava no seu devido lugar.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
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