sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Amor.

Vale a pena pensar no amor? Estudá-lo a fim de entendê-lo? Não sei, realmente.

Mas hoje quero falar no amor. Um amor que de maneira rasgante sinto falta de possuir.
Um amor sem desculpas, sem lógica, sem porquês definidos, sem fórmulas.
Que dá sem querer nada em troca, ele simplesmente existe, independente de ser ou não recíproco.

Porque se ama quem se ama, e não aquele que nossos pais desejariam?
Acho que nesse texto vou fazer mais perguntas do que apresentar soluções. Não existem respostas para tantas questões...

Quantas maneiras seriam possíveis de se amar alguém? Ou quantos amores diferentes podemos ter? Sentir?
Ou seriam apenas todos os amores amados de maneira igual, porém apresentados de formas diferentes? Como várias estradas, que levam a mesma cidade?!

Eu sei que precisava sentir para saber, e que por tantas e inúmeras vezes me sinto vazia por dentro. Eu não sinto.

Não sinto que minha vida seria mais vazia sem a existência de alguém, não sinto que minha própria existência não faria mais sentido sem aquela pessoa. Não sinto que o mundo seria melhor ou pior devido à existência de um ser. Não sinto falta de ar ao o encarar de frente.
Não sinto.

Me pego pensando qual seria o meu problema, ou se não há problema algum..
Me pego pensando se tenho direito a sentir isso um dia,
Ou se ainda existe esse tipo de amor.
Me pego pensando se em algum lugar do mundo e do tempo, algo me espera.

Não sou preparada, não sou madura, não sou forte, guerreira, nem emocionalmente estável.
Mas sei, de verdade, que desejo amar.

Luísa M. Cruz



"É um amor pobre aquele que se pode medir."
Shakespeare

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Um garoto com uma moeda que achou em meio às ervas
Junto a balas e páginas de revistas de negócio
Perto do carro que capotou na curva
Quando Deus deixou o chão para rodar pelo mundo

Uma garota com um pássaro que achou na neve
E então voôu para o ninho e é assim que ela sabe
Que Deus fez o olhos delas para chorarem ao nascer
E então deixou o chão para rodar pelo mundo

Um garoto com uma moeda que ele enfiou em seu jeans
Então, fazendo um desejo ele jogou-a no mar
Andou para a cidade onde todos nós queimamos
Quando Deus deixou o chão para rodar pelo mundo


Iron & Wine- Boy with a Coin

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Porta

Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.

Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa . . .)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.

Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!

Vinicius de Morais

sexta-feira, 26 de junho de 2009


E em algum lugar na Terra do Nunca...




quarta-feira, 24 de junho de 2009

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então
Nem se fala, que olhe com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável.
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce
relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher de sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação imunerável.



Vinícius de Moraes


O poema machista mais lindo do mundo!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Horizontes

Quando for dia lindo,
Sorria.
Abra as cortinas pra vida.
E veja as borboletas que pousam
Na sua janela.
Permita que suas cores
Alegrem seu coração.
Sinta frio e sinta amor.
Coma um chocolate.
E volte a fazer seu trabalho de Marketing.


Poema antiestético de segunda.

domingo, 7 de junho de 2009

O Cotidiano.

Seu Zé.

Seu Zé, típico empregado do mês. Todo mês.

Acorda todo santo dia as 4 e meia. Pega no batente as 6. E mora longe. Entra cedo na fila no ônibus.

Mas antes disso, quando acorda, fica ainda alguns minutos olhando sua esposa, linda, que dorme ao seu lado. Dá-lhe um beijo na testa, e se levanta pro dia.

Come é pão com manteiga, as sextas tem sempre ovo frito.Mas o café que não falta. Isso não .. dia nenhum!

Ai ele come, e se veste. Nem sempre toma banho, diz que é cedo, faz frio, e não quer despertar. Sua roupa ta sempre passada. A patroa é cuidadosa.

Ai ele sai, anda 10 minutos, entra na fila do ônibus, pega o ônibus, e senta.

Juntou dinheiro e comprou seu mp3. Agora ele faz o caminho escutando música. E as dicas do trânsito. E tira uns cochilos. Diz ele que pra acordar.
Antes das 6 ele chega no serviço.

Seu Zé vende ‘Meia Hora’ nas barcas. Anda pra La e pra, segurando jornal, e não fica tonto. Seu

Zé não esbarra nas pessoas. Seu Zé não tropeça. Nunca um jornal caiu da sua mão.

Habilidoso esse Seu Zé.
Funcionário do mês. Exemplar.

--


Senhorita Ana

Quando ela nasceu, ninguém sabia que nome dar. Na falta de criatividade, Ana resolveram chamar.

Nome decidido, Ana virou enfermeira.

Desde pequena ela amarrava as bonecas com panos. O pai dizia que pareciam múmias. E a mãe beliscava ele.

Ana foi uma criança feliz.

Sentiu muito quando o pai morreu. E amargurou-se na vida.

Nunca foi casada. Alguns poucos tristes casos, sem sucesso.

Todos os domingos, à tarde, ela visita a casa da mãe. Que é cheia de migalhas de porcelana. Uma bagunça.

Come bolo de fubá, toma café, e vai embora.
A mãe reclama que ela nunca vai na missa. E ela diz que perdeu o encanto.

A única coisa que ela considera ser de valor é seu trabalho, de enfermeira, e seu gato, Leopoldo.

Acorda às 7e meia, todos os dias. E enfrenta o trânsito da ponte.
É enfermeira numa casa de idosos. Lá se torna simpática e meiga. Conhece todos pelo nome.

Ana se empurra pra vida. E vai levando ...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fechei meus olhos


Fechei meus olhos
Quando ele se foi
E só via corredores escuros.
Eu não vou abri-los.
Nunca mais.
Não me obrigue a ver a realidade
De viver sem você.
Sem seu amor,
Sem seu ardor.

Fechei meus olhos,
Eu não quero perceber
A falta que me faz você.
Eu não vou abri-los
Nunca mais.
Pra poder te guardar nos meus sonhos.
E não ter brechas pra você fugir novamente.
Da minha vida,
Das minhas entranhas.

Só com você eu vou ate o céu.
E só por você eu volto de lá.
Então não me deixe me perder.
Nesse mundo grande das idéias.
Você não esta aqui pra me ceder.
Pra me abrigar.

Continuo de olhos fechados,
Mas se você voltar,
Sabe bem como me acordar.




[Por favor, me acorde.]


Luísa C.

sábado, 16 de maio de 2009

Poema sem palavras.

, .
, , ;
. ! ?
?
, .
?




Fim.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Fantasmas de um passado não distante.

Misturou-se tudo dentro de mim.
Dia belo de abril.
é como quando você acorda, é como quando você acorda sem saber o que
o que pode acontecer.
e você também não pensa.
nem se preocupa.
Tomando seu café passado.
e pegando seu ônibus de subúrbio pro futuro.
o seu. e de mais alguém.
e você vai escutando suas musicas prediletas..
olhando suas paisagens inconcretas..
e se da por feliz.

E na volta de mais um dia, daquele dia,
Aquele a quem você jamais queria voltar a ver.
Te procura na esquina de casa.
e finge ser acaso o propósito.
Pode ser melhor assim,

Mais essas lágrimas..por mais um poema.
Que passe, que ele não volte a minha esquina.
Que eu viva em paz sem seus fantasmas.
Que eu esqueça de novo o já esquecido.
Que ele não apareça.
Por uma vida mais feliz.

domingo, 26 de abril de 2009

- °° - °°- °-°° - - -









Amanha o inventor do código morse faz aniversário de muiiitooos anos..


Fiz essa postagem pra vcs se -°° °° °°°- ° °-° - °° -°- ° -- * muito com o código!!
*divertirem



a Wiki, amiga fiel, fala sobre o Samuel Morse:




Samuel Finley Breese Morse (Charlestown, 27 de abril de 1791Nova Iorque, 2 de abril de 1872) foi um inventor e pintor de retratos e cenas históricas estadunidense. Tornou-se mundialmente célebre pela suas invenções: o código morse e do telégrafo.
Aos quatro anos de idade mostrava grande interesse pelo
desenho e, aos catorze, ganhava o seu próprio dinheiro fazendo desenhos de seus amigos e pessoas da cidade.
Ainda na época de colégio, Morse escreveu uma carta aos pais dizendo que queria se tornar um
pintor. Os pais, preocupados com o futuro do filho, preferiram transformá-lo num vendedor de livros. Desse modo, Morse passou a vender livros de dia e a pintar à noite. Ante a persistência do artista, os pais decidiram mandar o filho para Londres para que estudasse artes na Royal Academy.
Ao retornar aos Estados Unidos, casou-se em
1818 e, logo em seguida, vieram os filhos: dois meninos e uma menina. Morse lutava com dificuldades, uma vez que à época não havia muitos interessados em retratos.
Em
1825, após o falecimento da sua esposa, Morse retornou à Europa, levando os seus filhos e uma cunhada.
Em
1826 fundou uma sociedade artística que, em breve, se transformou na Academia Nacional de Desenho. A partir de 1832 ensinou pintura e escultura na Universidade de Nova Iorque, atingindo a fama de excelente retratista.Samuel Finley Breese Morse (Charlestown, 27 de abril de 1791Nova Iorque, 2 de abril de 1872) foi um inventor e pintor de retratos e cenas históricas estadunidense. Tornou-se mundialmente célebre pela suas invenções: o código morse e do telégrafo.
Aos quatro anos de idade mostrava grande interesse pelo
desenho e, aos catorze, ganhava o seu próprio dinheiro fazendo desenhos de seus amigos e pessoas da cidade.
Ainda na época de colégio, Morse escreveu uma carta aos pais dizendo que queria se tornar um
pintor. Os pais, preocupados com o futuro do filho, preferiram transformá-lo num vendedor de livros. Desse modo, Morse passou a vender livros de dia e a pintar à noite. Ante a persistência do artista, os pais decidiram mandar o filho para Londres para que estudasse artes na Royal Academy.
Ao retornar aos Estados Unidos, casou-se em
1818 e, logo em seguida, vieram os filhos: dois meninos e uma menina. Morse lutava com dificuldades, uma vez que à época não havia muitos interessados em retratos.
Em
1825, após o falecimento da sua esposa, Morse retornou à Europa, levando os seus filhos e uma cunhada.
Em
1826 fundou uma sociedade artística que, em breve, se transformou na Academia Nacional de Desenho. A partir de 1832 ensinou pintura e escultura na Universidade de Nova Iorque, atingindo a fama de excelente retratista.
Beijão pra todos!E boa semana...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Correspondência

Querido,

Sinto saudades da época em que nos víamos todos os finais de semana,
E que saiamos por ai, a cantar sonetos de uma vida feliz.
A cada dia era um novo lugar,
Da praia pro cinema, do cinema pro jantar. Que era simples. Mas tinha sabor.
Sabor de vida.
Lembra amor?
Lembra dos nossos beijos escondidos e tímidos?
Dados a porta de casa.
Os olhos do pai a nos seguir.
O pai implicava; você morria de medo.
Mas aproveito para te revelar:
Ele gostava da sua presença, sua influencia e sua aparência.
Considerava uma boa companhia a sua filha mais nova.
As meninas do bairro, não conseguiam entender,
‘Como pode ela... logo ela...atrair um rapaz tão elegante?’
Ate hoje quando abro algum livro antigo, encontro pétalas de muitas das rosas que você um dia já me deu.
Era o nosso mundo cor de rosa, a nossa primavera eterna.
E qualquer lugar ficava lindo do seu lado.

(Parou por alguns instantes, ficou pensativa com um sorriso leve na face. Continuou...).

Encontrei na semana passada, arrumando a gaveta da estante do corredor, uma foto nossa. Era uma foto daquele dia em que pegamos uma chuva forte assim que chegamos a Petrópolis.
Muito tempo depois você ainda dava gargalhadas do tombo que eu levei caindo naquela poça de água.
Ficava zangadíssima.
Mas confesso que era realmente divertido lembrar.

Você já se perguntou o motivo da carta, imagino.
Arrisco dizer que quando viu meu nome no envelope, ameaçou rasgar.
Mas sempre foi curioso. E leu. E chegou ate o final.
Obrigada.

Escrevo pra dizer que sinto saudades. De você, e de nós.
Que já perdoei ter me abandonado.
Que sofri. Mas superei.
Que admito todas as qualidades maternais do seu novo amor.
Que não odeio mais o fato de você roer as unhas.
Mas que não fique me esperando chegar a casa escondido na esquina.
Sempre soube que estava lá.
Você sempre esteve lá.



Carinhos,
Sophia.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Gentil.

Este blog esta realmente as traças!Num abandono sem tamanho.
Afinal de contas, que pessoa é essa, que cria um blog pra ter algum motivo inútil pra escrever qualquer bobagem que seja, e que passa seu tempo a observar as coisas para ter tema a escrever, se, efetivamente, não escreve?
Pois bem, achei meu livro do Renoir largado em baixo do teclado do pc, bem provavelmente usado de apoio, o que me serviu de pequena/imprestável inspiração, estava também com um sono de horas... mas senti que ia dormir uma noite vazia.
Então..por falta de coisa melhor a fazer, passemos o tempo a escrever...

Hoje vim aqui falar dos profetas.
Não esses profetas chiques, que cobram previsões, aparecem na TV, e fazem sucesso no Gugu.
Os profetas legais são os profetas de rua.
Ate hoje, e olha que não peguei essa época, fico toda arrepiada quando leio as profetizações do Gentileza, a caminho do Centro da cidade.
São todas de uma doçura inocente, de uma beleza carinhosa aos olhos dos desesperados atrasados que passam de ônibus nos engarrafamentos do centro.
Tenho certeza que na falta de alternativa, as pessoas paradas ali, olham, apreciam e se emocionam com as palavras do Gentileza..
Em vida Gentileza pregava nas Barcas, e ia conversando com as pessoas pelo caminho.
Como terá sido seu nome de identidade?Sei que Gentileza foi um apelido bem bacana para tal..
Aquelas paredes foram tombadas pelo patrimônio publico.

Mas eu conheço ainda outros.

Tem um senhor, deve morar aqui por perto de mim...ele usa uma calça de linho branco, blusas e camisetas brancas diversas, e havaiana branca também.
Não, ele não é um médico de férias, é um profeta.
Entra no ônibus,e começa a falar da vida, da verdade, da mentira, de Deus.
Um profeta de futuro ele..
Anuncia principalmente as causas e não conseqüências, de nosso mundo exagerado.
Tem hora que ate vejo razão em suas palavras.
A maioria pensa que ele é louco. Acho que ele pensa a mesma coisa da gente.

Tem também o profeta da Barca. Que às vezes se encontra com o profeta de branco.
Mas esse já afirma ser um mutante, que possui poderes incríveis. Promete matar todos os presentes, que em sua maioria o ignoram.
Nesse caso aconselho livros, e não mais novelas da Record.

Na minha faculdade também tem profetas, um menino bem moderno, anunciou pra mim no meio de um trabalho, que num determinado dia de dezembro a cidade de São Paulo vai parar por completo, devido ao transito, e que por isso as pessoas vão abandonar seus veículos e seguirem seu rumo a pé.
Ele ainda afirmou que no dia seguinte ao transito infernal, a Terra vai acabar. O sol vai engolir ele, e tudo que estiver dentro.
A melhor solução é se mudar pro planeta vizinho mais distante possível.




Por fim,ontem, numa sexta feira 13, me deparo com mais um profeta, que anunciava aos passantes e aos presentes na fila do caos que se instaurou nas barcas, que todos deveriam temer e tomar cuidado, pois o dia não era auspicioso, e carregava más energias.


Das duas (que na verdade são três) uma, ou a cada geração existe uma cota de tantos profetas por metro quadrado, ou ta todo mundo maluco, cada um em seu nível e grau,
ou os malucos somos nos,e eles os verdadeiros conscientes.


Beijos e Boa noite.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Esse semana li essa crônica, e ela me encantou muito..porque é bem o tipo de coisa que eu me pego fazendo sempre. Observando as pessoas e imaginando quem são, como são, e o que pretendem.
Tudo bem, sei que isso parece voyeurismo, tá...é voyeurismo, mas saudável..não leve no sentido literal da coisa..rsrsrs

Vamos à crônica, é isso que importa!



Numa tarde de verão

por Manuel Carlos

Casca de limão no copo de água gelada. Muito calor. Um casal, numa mesa próxima, conversa sobre o comportamento de um filho de 11 ou 12 anos, que devora uma taça imensa de sorvete, fingindo não perceber que a conversa é sobre ele. Olho atentamente o menino e me vem à memória a figura do Gustavo, um colega do internato, quando juntos cursávamos o 1º ano do ginásio. Éramos os mais populares da escola. Eu, por ser insubordinado, respondão, desatento, enfim: um péssimo exemplo. Ele, por ser simplesmente o melhor aluno de quantos haviam passado por aqueles bancos escolares em quase 100 anos!

– Brilhante – como a ele se referia o padre Campelo, reitor do internato católico.

E com a mesma ênfase, sempre que batia os olhos em mim, o piedoso sacerdote sapecava na minha cara:

– Perdido!

Só quem conviveu com padres sabe o peso que tem, para eles, a palavra perdido, que se refere à perdição nas profundezas do inferno, onde não há luz nem sombra, mas só gemidos e ranger de dentes.
Bem, mas o Gustavo propriamente dito não tinha culpa de ser o bom e eu, o ruim. Tenho dele, na memória, dois momentos precisos. O primeiro numa aula de português, em que ele foi o único aluno a saber o significado da palavra burocracia. Um sucesso que rendeu aplausos de toda a classe. E o segundo, de uma tarde em que eu, querendo bancar o gozador, perguntei, de repente, na frente de todos os colegas:

– Mata esta, Gustavo: você sai de um lugar lotado e diz para quem está esperando: há muita gente ou... tem muita gente lá dentro?

E Gustavo, em cima:

– Digo: está cheio lá dentro!

Eu me lembro de que sorri amarelo e fui alvo da gozação geral. É, pensando melhor agora, concordo com o padre Campelo: Gustavo era realmente brilhante!

Sorri comigo mesmo dessas remotas e tolas lembranças e pedi mais uma garrafa de água mineral. O calor parecia aumentar.

Foi quando ela entrou timidamente na chocolateria. Teria não mais que 20 anos, vestia-se com simplicidade e percebia-se, num relance, que entrava ali pela primeira vez. Sem levantar muito os olhos, foi até o balcão. O que me chamou a atenção nessa mocinha bonita e tímida foi justamente o esforço que ela fazia para não chamar atenção. Percebia-se nela o desejo de ser invisível e poder atravessar a vida e a sala da Envidia sem ser percebida. No balcão, ela olhou sem pressa a vitrine e escolheu, cuidadosamente, quatro bombons de recheios diversos. Enquanto eram colocados numa elegante caixinha, ela tirou da bolsa a carteira e catou o dinheiro necessário, usando até mesmo algumas moedas. Fiquei acompanhando com carinho seus gestos silenciosos e modestos. E me pus a imaginar que destino teriam aqueles preciosos chocolates.

Novinha como era, mesmo que tivesse um filho, ele não estaria em idade de comer bombons recheados. Seriam para a mãe? Para uma irmã mais nova? Para o marido? Não, ela não tinha a aparência de uma moça casada. Bem, seria então para o namorado, com quem brigara no dia anterior e agora, com aqueles quatro bombons, esperava fazer as pazes. É, concluí, só pode ser para o namorado.

E aí ela saiu. Pela porta envidraçada, o sol forte lá fora, pude ver quando a mocinha modesta e tímida parou na calçada, abriu a caixinha cuidadosamente e se pôs a comer os bombons, saboreando-os um a um, os olhos se entreabrindo e se entrefechando de prazer.

E foi inevitável a lembrança de uma reflexão de Albert Einstein: a de que a imaginação é mais importante que o conhecimento. Mas também concluí, agora por minha conta, que a realidade pode ser mais poética do que a imaginação.




Bom Final de semana.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Dia de Domingo.

Era sábado à noite, ela viu aquele lugar na internet e decidiu que ele era perfeito pra fazer qualquer tipo de poesia. Não que já não o conhecesse. Sim, ela conhecia. E sempre gostou. Mas nunca o viu com olhos de poeta.
No domingo, logo bem cedo, tomou seu café forte com torradas e margarina becel.
Botou aquele vestidinho que a faz se sentir menina moça, arrumou a bolsa, desligou o celular, ia quase se esquecendo do principal, seu caderninho com a foto da Lispector na capa.
Tudo pronto. Pegou as chaves, tirou a carroça da garagem, e lá foi ela.. abriu os vidros pra pegar um vento nos cachos soltos. Nunca se esquecia de fechá-los quando parava nos desertos sinais.
Uma paisagem de beleza e virtude a cercava, aquele prometia ser um domingão daqueles.
Pronto, ela chegou, estacionar não foi difícil, e ela ainda achou no banco traseiro do carro aquele chapéu de palha que sua tia tinha lhe dado no Natal, botou. Saiu do carro.

Nossa... mas como a manha naquele lugar parecia ser mais bonita do que em qualquer outro.Pensou que queria morar ali, pensou também que se morasse ali o lugar perderia um pouco da graça, mas mesmo assim decidiu que queria morar ali.
Algumas crianças corriam das babás, uns senhores jogavam damas (e olhavam para algumas também) numa mesinha de concreto, a garotada tomava cerveja.
Tudo estava no seu devido lugar.

Depois de respirar profundamente aquele ar de tirar o fôlego dos mortais, olhou para a perfeição divina a sua frente: aquele mar com pedras, o morro de pão doce, e o sol brilhando.
Toda a inspiração necessária para um poema de domingo estava ali, entre os limites do seu olhar e o do papel.

Então ela começou... falou de amor, de estrelas, de vidas, de mar, de sonhos, saudades, encontros, partidas, perdas, ganhos, falou ate da água de coco que tomava,falou dos casais que dividem o mesmo copo de coca com dois canudinhos.

Falava do cotidiano.
Este que vivemos todos os dias,
Comum e poético.
Das vidas brilhantes e fracassadas.
Dos destinos.
E falava com se dominasse a razão da existência.
Suas palavras eram tão fortes, que emocionavam a si mesma.
A música do mar
Era a mais completa orquestra natural.
E a conversa das pessoas felizes,
Era como um sinal de que o amor
sobrevivia.
As coisas corriam bem,
tudo fazendo parte de algo muito maior
E completo.
Era o mistério.


Fechou seu caderno, levantou, foi andando ate o carro.
Antes de entrar ainda deu mais uma olhada pra trás.
Sim, estava no seu devido lugar.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quintal.

Inesperadamente
foi assim que te vi
recebida com cana
você me levou pro
samba.
Era rosa toalha
era cor.
Era dança de ginga
era amor.
[in]candeia.
E você meu preto
feliz dos olhos brilhar.
Era quarta dia perfeito
de se estar em qualquer lugar.
E saindo de la
poesia pura
luz vermelha pairando no ar.
Só eu e você
rindo em frente ao mar.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Silêncio.

Silêncio

Silêncio que agora é a hora
A hora dessa covardia passar,
Que não tem sentido
Nem propósito.
Existe apenas.
Silêncio para essa covardia,
Que atira em vão,
Que destrói lares,
Que amputa os corações.
Essa covardia injusta e desproposita.
Silêncio que agora é a hora,
A hora desse mal passar
Esse mal que acaba com vidas,
Que destrói sentimentos
Que anula sonhos,
Que desespera.
Silêncio que agora é a hora
A hora de parar pra pensar,
No mundo em que vivemos,
Nas pessoas com quem andamos,
Nos caminhos que percorremos.
Silêncio que essa é a hora,
A hora que a atitude vai passar,
A atitude de não fugir,
A atitude de não se entregar
Atitude pra lutar.
Silêncio que essa é a hora,
A hora desse sentimento ficar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Lendo esses romances nas horas mais inapropriadas,
é possível perceber o quão é detraída.
Não tem o mínimo bom gosto,
O mínimo senso estético
E nem o menor estilo.
Aquela ponta de Iago tradicional...
E uma inveja ate que normal..
Músicas cafonas no playlist,
Filmes antigos na estante.
Seu quarto cheira a meias e sebos.
Talvez é feliz.
Mas nem ela mesmo sabe.
Talvez ate te ame,
E você não percebe.
Anda cansada de poemas
estéticos.
Prefere uma valsa sem som.
Se for possível.
Ela nem queria estar aqui agora,
Mas a verdade é que nem poderia ser de outra forma,
Não poderia estar em mais nenhum lugar.
É aqui.
E só aqui.
Esperanças de futuro...
Mas não se considera boa o bastante.
Ninguém entende seus pensamentos.
Eles tem o mesmo ritmo da música..
se não compartilha do mesmo som,
Jamais poderá entender.
Esta na hora das mudanças.
Dessa vez não fez nenhum plano de ano novo
Só prometeu viver, intensa.
E quem sabe, mais comprometida.
De verdade, mais feliz.



Espere a minha surpresa.